sábado, 20 de março de 2010

A Família Kruel nas Missões


Os artigos veiculados neste blog podem ser utilizados pelos interessados, desde que citada a fonte: MOUSQUER, Zélce Darclé. (Inclua o título e data da postagem) in http://www.familia-kruel.com.br, nos termos da Lei nº 9.610/98.

A FAMÍLIA KRUEL NAS MISSÕES


É difícil precisar a data em que os filhos do imigrante Carl L.W.Kruel transferem-se para a região das Missões. O que podemos afirmar, é que a família Kruel não estava entre as 72 pessoas que, em novembro de 1824, foram enviadas para São João das Missões, diretamente de Porto Alegre, numa tentativa de “repovoamento” da antiga zona jesuítica das Missões.

O Pernambucano Hemetério V. da Silveira, 1979, p. 183, que visitou as Missões em 1855, aqui permanecendo em torno de doze anos, comete um engano ao informar que Ernesto Kruel, filho do imigrante Carl L. W. Kruel, teria sido encaminhado para as Missões em 1824. Como vimos, a família Kruel entra no Brasil em 1827.

“...Em 1824, o governo mandou, para habitar esse povo, várias famílias dos primeiros colonos alemães introduzidos no Rio grande do Sul. Esses, ou porque viam-se obrigados a morar na mesma redução com a raça indolente dos índios, ou porque precisassem um quilômetro de viagem para ir buscar, ou porque não se lhes distribuísse terras de plantação, em maior distância super abundantes, abandonaram a redução de São João. Ficaram apenas residindo Ernesto Kruel, cujos filhos enriqueceram no comércio,Carlos Hoslsbach que estabeleceu-se em São João Merin, Tristão Frederico Schmitt, que com seus filhos foi residir nas proximidades de São Miguel e João Bulgsdorph entre São João e São Miguel. Esses poucos colonos souberam honrar as tradições de sua operosa raça, mantendo em seus lares até seus netos e bisnetos sua língua, costumes e vida laboriosa.” (SILVEIRA, 1979, p.183).

Amstad,1999, p.76 ...deve ter sido também por essa época (1828) que o governo imperial fez a experiência de transplante de algumas famílias de alemães para as Sete Missões, como já registramos mais acima. As famílias Kruel, Holsbach, Schmidt, Balgsdorf foram alojadas no assentamento principal de São Miguel. Seus descendentes moram ainda hoje na região. Não poucos, porém, trocaram o nome alemão por um luso-brasileiro.
Parece repetir-se o engano, pois neste período os registros dos filhos do casal de imigrantes, são encontrados na região colonial de São Leopoldo. O registro mais antigo encontrado na Cúria de Santo Ângelo/RS, refere-se ao ano de 1854, quando nasce Belmira Kruel, terceira filha de Frederico Kruel e Generosa Lemos Quaresma, neta do casal de imigrantes.
Sabemos que Cristiano e Ernesto, os dois primeiros filhos deste casal (Frederico e Generosa), nasceram em Santa Maria/RS.
Da mesma forma, os primeiros filhos de João Ernesto Kruel (filho do imigrante Carl) e Elisabeth Frederica Hoffmeister, nascidos em Santo Ângelo, foram Germano em 1863 e Júlia em 1864, tendo seus os filhos anteriores, nascido em Santa Maria.

Isto não invalida a hipótese de que Frederico Kruel e João Ernesto Kruel, já estivessem assentados em Santo Ângelo, em anos anteriores, tendo seus filhos nascido em Santa Maria.

A citação de Lallemant referindo-se a Friedrich Kruel [...] o proprietário do belo armazém, era outro alemão, também de Oberstein, Frederico Kruel, homem modesto e amável, de muito boa educação. Apenas há quatro anos, morava em Carajazinho e já fizera bonita fortuna [...] coincide com nossas pesquisas, indicando que Frederico Kruel (filho do Imigrante Carl) e Generosa Quaresma, dirigiram-se para as Missões, em torno de 1854 e tenham sido os pioneiros, na família Kruel, a buscarem esta região, apostando no comércio, e no aproveitamento da terra, seguidos pelo irmão João Ernesto Kruel e sua esposa Isabel Hoffmeister.

O alemão Robert Ave-Lallemant em 1856 percorreu a província gaúcha, atravessando os Sete Povos, até Uruguaiana e de volta por São Gabriel até Cachoeira. A caminho das Missões, passou pela fazenda dos Kruel.

Os Kruel irão conhecer uma região de tropeiros paulistas, lagunenses, goianos, alemães, pequenos ou grandes estancieiros, com seus peões, agregados e escravos, além de uma população indígena e mestiça errante. Santo Ângelo não era ainda um povoado, o que se via eram estâncias e pequenas propriedades dispersas na imensidão.

Santo Ângelo, nesta época, era o 5º distrito do município de Cruz Alta, denominado Capela de Santo Ângelo. Irá passar à condição de Freguesia e Paróquia, somente em 14/1/1857, compreendendo o distrito de São Miguel. Passando à condição de vila e sede de município em 22/3/1873. Sendo o município instalado em 31/12/1874 e elevado à categoria de cidade, em 31/3/1938.

A abundância de terras nas Missões e as promissoras possibilidades de investir no ramo do comércio juntamente com a lucrativa atividade da criação de gado, foi o que atraiu os irmãos Kruel para a região.

[...] Avé -Lallemant na sua viagem em 1858 para as Sete Missões até Uruguaiana e de volta por São Gabriel até Cachoeira, encontrou em toda parte alemães que, normalmente criavam gado ao lado de uma casa de comércio ou de uma oficina. Um exemplo foi Friedrich Kruel perto de São Miguel, ao qual já então classifica de rico. (AMSTADT, 1999, p. 235)


Fontes:

SILVEIRA, Hemetério José Veloso da. As Missões Orientais e seus antigos domínios. Porto Alegre: Companhia União de Seguros Gerais, 1979.
AMSTADT, Theodor. Cem anos de Gemanidade no Rio Grande do Sul - 1824-1924. Tradução de Arthur Blasio Rambo.São Leopoldo: Ed. Unisinos,1999.
LALLEMANT, Robert Avé. A Viagem pela província do RS- 1858. Itatiaia, São Paulo: Ed.da Universidade de São Paulo, 1980.

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