terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A Alemanha dos Imigrantes




A ALEMANHA DOS IMIGRANTES


Os artigos veiculados neste blog podem ser utilizados pelos interessados, desde que citada a fonte: MOUSQUER, Zélce Darclé. (Inclua o título e data da postagem) in http://www.familia-kruel.com.br, nos termos da Lei nº 9.610/98.


Nossos imigrantes nasceram sob a dominação francesa de Napoleão que, neste momento, tinha sob seu domínio os terrritórios à margem esquerda do Reno.
Ao decidirem embarcar rumo ao Brasil, Karl Kruel e Charlotta Juliana Bier deixavam a Renânia já não ocupada pelos franceses, mas sob a estrutura de uma Confederação Germânica disputada entre as duas potências germânicas, Áustria e Prússia.
Baumholder pertencia, então, ao pequeno território do Ducado de Saxe-Coburgo.



No mapa acima (territorios ocupados pela Prussia), notamos Baumholder pertencendo ao terrritório da Prússia (entre o Principado de Birkenfeld e a Baviera Renana). Por decisão do Congresso de Viena, a Prússia foi contemplada com a antiga Província do Reno e o Departamento de Saar. Mapa redesenhado, digitalmente, por
José Antonio Brenner.

Como não faziam parte de uma nação constituída, os imigrantes se apresentavam às autoridades da imigração brasileira, como súditos dos diferentes países soberanos. Daí se identificarem como vindos da Prússia, Áustria, Hessen, Baden, Hannover, França, Baviera, Oldenburg, Sachsen-Coburg (a Alemanha surge como nação a partir de 1871, quando teremos, então, "cidadãos alemães").

Para entendermos as causas desta imigração, precisamos nos reportar a ocupação Napoleônica, dos territórios à margem esquerda do Reno até 1816. Neste período, Napoleão decretara obrigatória a vacinação contra a varíola, o que reduziu consideravelmente a mortalidade infantil. Este fato, aliado a novas concepções de higiene e de alimentação, irá provocar uma explosão demográfica, acarretando graves problemas sociais. Além disso, a diminuição gradativa das propriedades, em função das partilhas, os anos de péssimas colheitas, as doenças dizimando os rebanhos, a introdução do direito absoluto da propriedade ( fazendo com que a utilização do produto florestal fosse uma atividade proibida), o esgotamento das reservas de pedras preciosas, gerando uma crise na indústria de lapidação em Birkenfeld, as destruições provocadas pelas guerras, irão gerar fome e empobrecimento generalizado. Conforme Hunsche, a posse dos territórios do Reno por parte da Prússia, país protestante por excelência, teria contribuído para o surto de emigração católica na década de 20 do século XIX.

Enquanto alguns estados alemães proibiam a emigração, outros garantiram-na, caso da atual Renânia, onde os efeitos do fim do feudalismo foram mais acentuados em função da proximidade com a França. Os camponeses podiam, agora, abandonar o campo, porém os efeitos da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra já se faziam sentir, com as cidades repletas de cidadãos desempregados e sem habilitação para suprir as exigências da nova estrutura sócio-econômica. A industrialização irá destruir o sistema de produção artesanal, gerando desemprego e miséria, o que irá provocar a emigração da mão de obra ociosa.
As Pequenas propriedades não produziam o suficiente para alimentar as famílias. Além de trabalhar a terra, era necessário trabalhar com o artesanato. Porém, este sistema de trabalho artesanal era controlado pelas corporações, o que dificultava a inserção do artífice numa sociedade urbana, que já sofria os efeitos da industrialização. O trabalho na terra, por sua vez, já começava a sentir os reflexos da mecanização, tornando improdutivas as pequenas propriedades. Em conseqüência, temos um panorama de saques, impulsionado pela situação de miséria, o surgimento de doutrinas socialistas e o sentimento de nacionalismo. Emigrar passa a ser a esperança, já que acenava com a promessa de liberdade religiosa, a posse da terra fértil, o auxílio financeiro no primeiro ano, o recebimento de instrumentos para agricultura, alimentação abundante, o permitido corte das árvores (na Alemanha isto era proibido), o livre trabalho artesanal (já que no Brasil não existia o poder das corporações).

Foi este o quadro político e social que impulsionou o fenômeno emigratório na Alemanha recém saída do século XVIII.

4 comentários:

  1. Uma sugestão para a amiga: promova um encontro de estudiosos no assunto, que seriam as pessoas familiares que se interessam por saber um pouco mais sobre suas origens e realize uma espécie de palestra onde possamos trocar idéias e experiências com esta brilhante historiadora. Quem sabe que rico conhecimento não seria para todos nós.

    ResponderExcluir
  2. Maurio, obrigada pelo reconhecimento da minha pesquisa.
    Tenho amigos muito competentes, que realizam oficinas sobre genealogia. O próximo encontro será dia 15 de maio e o tema será IMIGRAÇÃO ITALIANA.
    Eles já realizaram um excelente encontro sobre a IMIGRAÇÃO ALEMÃ.
    Se te interessar, envio o arquivo do folder.
    Um abraço

    ResponderExcluir
  3. Boa noite Sra Zélce, encontrei em sua pesquisa meus parentes. Meu avô é um Kruel Ehlers e fiquei interessadissimo em saber mais sobre suas pesquisas.

    ResponderExcluir